Carta do Comando de Greve Unificado da História e Geografia

Carta lida durante a plenária departamental da FFLCH de 29out13

Caros professores, alunos e funcionários,

Tendo em vista a carta aberta assinada por mais de cem docentes da FFLCH, entendemos que se abre um novo espaço para o debate. Deste modo, reiteramos que os estudantes estiveram e ainda estão dispostos ao diálogo, que não foi quebrado ou impedido pelos piquetes.Haja vista as sucessivas recusas da reitoria e do Conselho Universitário em receber nossas propostas e as ressalvas em negociar com os estudantes, mesmo após a determinação da Justiça. Transcrevemos a seguir algumas considerações.

O ponto de maior alarme dos professores em relação às recentes manifestações aparece como os piquetes e os cadeiraços. Nos ater aos efeitos e tratá-los como causa nos impede, porém, de acessar a verdadeira raiz do problema. Os piquetes são apenas a manifestação material do que acontece em nossas salas de aula. O debate político, via de regra, é deixado em segundo plano, e nossas atenções se voltam ao conteúdo das aulas, às provas, trabalhos, seminários, etc. Ainda que alguns professores se esforcem para manter o debate e o diálogo, muitas vezes isso não é possível; não apenas por uma escolha política ou ideológica, mas também devido à própria estrutura universitária tal como está. Com as salas de aula lotadas, fica difícil se criar um laço entre alunos e professores tal como aquele que é recordado pelos membros mais antigos da casa, que tiveram o privilégio de poder ter os professores não apenas como transmissores de conhecimento, mas como verdadeiros colegas de área. O conhecimento já foi a ponte que unia os dois pólos – alunos e professores – e não a barreira entre eles. Porém, quando limitamos o conhecimento à sala de aula, acabamos reduzindo a universidade a trabalho e estudo, conforme apontado pela carta dos docentes. Esquecemo-nos, assim, do real propósito da universidade, bem como da formação como algo além do mero acúmulo de conteúdo. Segundo o MEC, “As universidades se caracterizam pela indissociabilidade das atividades de ensino, de pesquisa e de extensão. São instituições pluridisciplinares de formação dos quadros profissionais de nível superior, de pesquisa, de extensão e de domínio e cultivo do saber humano (…)”.

Quando nos limitamos a definir nosso cotidiano como de “trabalho e estudo”, nos esquecemos das demais possibilidades de formação que a universidade nos oferece. Quando as salas de aula deixam de ser um espaço possível, abre-se a possibilidade de pensar a universidade em todos os seus demais aspectos. Com o deslocamento do espaço que permite a definição dos papéis de aluno e professor – posto que, antes de tudo, esta é uma definição relacional entre os dois pólos e que acaba se limitando pelo espaço da sala de aula – somos obrigados a rever nossos papéis para além do cotidiano. Somos estimulados a pensar a universidade para além das tensões entre alunos, professores e funcionários, pois, para além disso somos todos membros de uma mesma comunidade.

Deste modo, nosso convívio não pode se limitar à preservação da “liberdade de cada um”. Ademais, numa universidade que, apesar de pública, restringe o acesso através de seus muros como a USP, nos parece primordial apontar que quem primeiro fere os direitos de livre acesso são os portões e a FUVEST, e não, os piquetes. O direito de ir e vir é desrespeitado diariamente em nossa universidade e isso se dá também em virtude de sua estrutura de poder. Sentimos que não é possível se calar diante dessa estrutura desigual e injusta. É certo, contudo, que não é agradável o recurso a métodos ditos coercitivos e autoritários, nem da parte dos estudantes nem da parte dos professores. Assim, apontamos que a atitude de parte dos docentes que visavam coagir os alunos a saírem da greve através da ameaça de perda do semestre é lastimável e provoca uma desconfiança que se apresenta como um entrave ao pleno diálogo. É fundamental nos colocarmos não como aglomerado de indivíduos, e sim uma verdadeira comunidade. Para isso, devemos ir além de nossas aflições individuais, e pensar a universidade e a sociedade como um todo. Deste modo, nossas funções cotidianas podem ser prejudicadas, mas entendemos que esta é a única resposta possível dentro de um contexto de crise.

As crises são momentos de explicitação das tensões, nas quais só há duas respostas possíveis: ou voltamos à normalidade, ou rompemos de uma vez por todas com o sistema em questão e construímos algo novo. Tal como foi reconhecido pelos professores, as atuais estruturas de poder da USP são pouco permeáveis. Deste modo, voltar à normalidade seria ser conivente com esta estrutura tão pouco democrática e que impede tanto o diálogo da comunidade uspiana entre si, como o acesso da comunidade do entorno a este espaço. Nos resta, assim, a mudança.

Encerramos nossa carta com um convite e uma pergunta. Tendo em vista o próprio reconhecimento dos docentes do movimento político discente como legítimo, convidamos os interessados no diálogo a participar de nossos fóruns deliberativos para que se reiterem as manifestações políticas como atitudes da maioria. Por fim, questionamos se todo o debate que tem se desenrolado – tão profícuo não apenas para a nossa formação como historiadores e geógrafos, mas também como cidadãos críticos – estaria acontecendo se não houvesse greve e piquete.

Comando de Greve Unificado Geografia e História

COMANDO DE GREVE GEO/HIST(28/10)

Criação do e-mail

Compra de microfone

Piquetar as atividades dxs professorxs (29/10 terça-feira) as 12h

Plenária dos 3 setores (29/10terça-feira) às 18h. Reunião do comando pré-plenária às 16h20.

Trancaço dos 3 portões da USP às 6h (29/10terça-feira).

DELIBERAÇÕES:

Proposta do comando a ser levada à Plenária: que todas as atividades doprédio sejam realizadas no vão livre, não no auditório ou sala de aula.

Não ter assembleia até a disponibilidade dos calendarios em ambos os cursos para fazê-la unificada.

CALENDARIO DO COMANDO: xs convidadxs presentes devem ser confirmadxs até sábado dia 02/10

TER 16H20 – Reuniao do Comando

18h – Plenaria dos 3 setores

QUA (30/10) → Atividade da pós-graduação.

18H Plenaria Departamental da Geo

QUI (31/10) → Atividade do quilombo e raça

18h Assembleia Geral

SEXTA (01/10) 14h-18h → Cineclube “ A experiencia Cruspiana”

SEG

(04/11) 16h → Reunião do Comando da Geo/Hist

18h → Indicativo de Assembleia Unificada

TER

(05/10) 15h → Atividade sobre permanencia. Convidadxs: Moradia Retomada, Amorcrusp

QUA

(06/10) 15h → Repressão. Conidadxs: Jessica Trinca , Canil, Sintusp ), Crusp

QUI

(07/10) 15h → Ocupações urbanas. Convidadxs: Ocupa Itapevi , Ocupa Esperança , Remo, Zona Sul.

SEX

(08/10) 15h → Teatro do oprimido

20h → Festa da Greve – articular com bateria e atletica.

Nota de apoio ao Núcleo de Consciência Negra

Em meio ao processo de profunda mobilização por qual passa a Universidade de São Paulo, com quase a totalidade do corpo discente encontrando-se paralisada pelo atendimento imediato ás demandas por uma Instituição de Ensino Pública, com os pilares da transparência e democracia na execução/desenvolvimento de uma Estatuinte Livre e Soberana; a Reitoria, em uma ação covarde, investe novamente contra um espaço de reconhecida importância para a auto-organização de uma comunidade que vem sendo alijada da USP desde o cerceamento do seu acesso ao ensino até o tratamento que lhe é dispensado fora dos muros da universidade cotidianamente.
O episodio dessa quinta-feira no Núcleo de Consciência Negra; que notadamente se responsabiliza pela manutenção de cursos e atividades dirigidas a estudantes e não estudantes negros dentro do campus há mais de duas décadas, e que hoje teve suas atividades comprometidas pelo intenso deslocamento de caminhões a espera de segunda ordem para remoção do espaço; adianta a grave disposição do reitor João Grandino Rodas em passar o cumprimento de uma agenda que prevê a entrega da Nova Reitoria até o final do seu mandato, uma reitoria em cujo planejamento se localiza o NCN como entrave físico.
Entendemos nesse sentido não só ser necessário reiterar o apoio ao Núcleo que tem na sua trajetória a luta pela implementação de um programa de Cotas raciais na universidade (ponto que os estudantes de História incorporaram em fórum deliberativo, como bandeira do curso durante o processo, entendendo como fundamental para o mov. de democratização) como afirmar nossa prontidão em prestar qualquer auxílio que nos seja demandado.

Repudiamos nova tentativa de amedrontamento aos participantes e envolvidos com o Núcleo, e exigimos a retirada imediata de todas as máquinas para ter início frente de diálogo.
Apoiamos a abertura de uma mesa de discussão para a criação de uma Casa de Cultura Negra na USP

24 de outubro de 2012

Ata das Comissões de Calourada 17/12/2012

Tema: cotas (acesso e permanência)

sugestões de nome:

 -cotas pra que?

-cotas pra quem?

-cotas porque sim?

 Calendário:

 Segunda-

14h aula-trote

propostas: Baccega/ Lidiane/ Lauro

-bateria quer fazer uma intervenção na aula trote (conversar com quem for dar a aula)

-leitura de um texto sobre o pedágio

 pedágio

 

Terça-

12h almoço e tour pela usp

reitoria-bandejão-crusp- pedago-eca-sintusp-fea-fau-administração da fflch-fflch

15h painel com temas:

 upp e educação publica (zilda)    resp. larissa

genocídio da população negra/ são remo(helena resp. Joice)

grupos de discussão

 19h mesa sobre cotas raciais

 Thais estudante de história                                                 resp. Bahia

Edu pós-graduação                                                                Bahia

Ju Piara NCN                                                                            resp.Bahia

Wilson Frente pró-cotas do estado de sp                           resp. Joice

 

Propostas para a calourada da FFLCH

Divisão da FFLCH

Ônibus na USP

Manual

Textos:

Educação no Brasil (greve das federais/puc/etc)          resp. Joice e JP

Processos                                                                           Joice e JP

Segurança e pm                                                                 Joice e JP

Cotas e acesso                                                        Chiwbacca e Bahiazão

Permanência                                                                      Dudu

São remo                                                                            Joice

Aquário                                                                               Bahiazinho

Opressões                                                                           Tawnne

Estrutura de poder na usp e no dh                                      Pri

história da FFLCH                                                              Chiwbacca e Pri

privatização e terceirização na USP                                         Joice

maconha                                                                       Chiwbacca e Denis

 

textos de apresentação das entidades, glossário, guia do jupiterweb, guia das linhas de ônibus com um texto falando sobre o fim das linhas.

 

Programa da chapa “Nós da História”

O perfil do aluno de história é, em sua maioria, um perfil crítico em relação à sociedade, suas contradições e seus rumos. Conhecendo os alunos, vemos que existe bastante disposição em tomar parte em ações coletivas, e que inclusive o fazem por diversas vias – conhecemos gente que participa de grupos de extensão, de discussão, que dá aula em cursinhos comunitários ou mesmo ativistas em outras áreas. Mas não o fazem no curso de história, não pelo Cahis. Aqui existe um afastamento grande entre o Centro Acadêmico, que deveria ser o espaço onde toda essa disposição e diversidade de ideias confluíssem para algo frutífero, e a maioria dos estudantes. Mas por que isto acontece?

Para além da cultura de apatia e individualismo dominante em nossa sociedade, há outros problemas no meio de tudo isso – problemas não raro internos ao próprio movimento e que este muitas vezes não consegue enxergar. Existem alguns nós  a serem desatados aí…

É por acreditarmos ser possível inverter essa situação que os integrantes da chapa Nós da História se propõem a fazer movimento e a construir nossa entidade representativa. Claro, nada será muito fácil, irá requerer um esforço coletivo –de dentro e fora da gestão eleita– que não será de curto prazo. Nosso intuito ao participar desta eleição é, antes de tudo, colocar na roda as ideias que pensamos coletivamente sobre como achamos que o Cahis deve ser feito – mais representativo e menos afastado dos estudantes, e dessa forma colaborar para que ele se torne algo mais próximo do que achamos que deveria ser. Pensamos que a eleição do CA pode ser importantíssima para que de fato avancemos: sendo um momento privilegiado de autoavaliação, do qual participam necessariamente muitos estudantes (para além dos que já estão cotidianamente no movimento), devemos usá-lo para que possamos enxergar nossos problemas, nos autocriticar e propor novas formas de fazer.

Sem um Centro Acadêmico que tenha como prioridade

 se aproximar dos estudantes não se faz política!

A vida universitária deveria ser um espaço de convencimento dos jovens que aqui ingressam a tomarem parte na política de onde estão presentes. Muitas vezes, entretanto, é o contrário o que ocorre – nosso movimento estudantil e os problemas que o afastam dos demais estudantes parecem insistir: “saia da política pois aqui nada faz sentido, só há disputas e picuinhas para ver quem é mais revolucionário que o outro”. Essa é uma caracterização simplista mas que reflete problemas reais do movimento estudantil na USP, problemas dos quais o Cahis, imerso nele, naturalmente também não escapa.

Existe uma crise de representatividade do nosso centro acadêmico. A falta de uma construção cotidiana que permita que os estudantes tomem parte na construção de um espaço coletivo do curso (como um jornal onde todos possam enviar textos, por exemplo), soma-se a alguns problemas sérios, como o uso da gestão e do Cahis como espaços de disputa interna entre grupos e partidos para colocar a sua política (de cima para baixo); uma postura muitas vezes autoproclamatória, com membros do movimento ou da gestão colocando-se como “mais de luta” que os demais estudantes; a confusão passada aos estudantes entre o onde terminam as pautas do partido ou grupo que está na gestão e onde começa o centro acadêmico… E outras práticas deste tipo, que fazem com que o estudante não se identifique naquilo que deveria ser sua entidade representativa. E não são os estudantes que não procuram se sentir representados pelo seu CA, é o CA que não se faz representativo.

Isso tem sido um empecilho para que nossa entidade cumpra a função que acreditamos que deve cumprir: mais do que “organizar” os estudantes, o Cahis deve representá-los, deve fazer movimento junto com eles. Os estudantes devem se sentir representados por seu CA. E para isso muitas lógicas devem ser invertidas: devemos mudar o fazer política de cima para baixo para o de baixo para cima. Em vez de chegar para os estudantes com todas as repostas prontas para “organizá-los” na luta, devemos privilegiar a construção política a partir do diálogo de fato – ou seja, também a partir deles. Em vez de à frente dos estudantes, devemos nos colocar ao lado deles na construção cotidiana, colocando as nossas propostas e opiniões em pé de igualdade. Em vez de impor nosso programa para que os estudantes nos sigam, devemos construí-lo junto deles. É dessa forma que estaremos sendo de fato representativos, para além das eleições. Não devemos ter medo de nos abrir ao diálogo – e nem fazer política a partir do diálogo.

Sem fazermos essa inversão, estaremos sem querer reforçando a ideia de que o processo eleitoral só existe para limitar a participação dos estudantes ao próprio processo eleitoral. Ou seja, para que eles fiquempassivos no resto do ano, servindo portanto para limitar sua participação na política do curso, quando na verdade ela serve para ampliar a participação. Mas para isso a representatividade não pode se encerrar na eleição, tem que ser efetivada pelo CA no dia-a-dia.

Para que o corpo estudantil se sinta representado (ou melhor, para que o Cahis se faça representativo), não basta por exemplo que suas reuniões semanais sejam abertas, e que assim só tenhamos que esperar que os estudantes venham até nós: de nada adianta termos uma forma aberta se o nosso conteúdo, a nossa prática e a nossa lógica de fazer política também não forem abertas. Parece um problema óbvio, mas quenão temos conseguido enfrentar na prática: certas práticas, como a autoconstrução de seu grupo acima de tudo e à frente da entidade, a postura de autoproclamação (“eu sou mais de luta do que você”) etc, contribuem para que os estudantes não se enxergam em sua entidade, não enxergam que naquilo há alguma coisa sua, ou pelo menos que esteja aberta a uma contribuição sua. Enquanto essas práticas continuarem presentes, o Cahis continuará não se fazendo representativo para a maioria dos estudantes.

Ressaltamos que fazer a crítica ao movimento estudantil não significa reduzi-lo, diminuí-lo. A crítica e a percepção de erros que se repetem são essenciais para que os progressos mais decisivos possam se concretizar. Assim, não procuramos nos construir a partir da crítica, da negação. Mas elas são invariavelmente necessárias para a proposição do novo, são o ponto de partida para que consigamos desatar os nós que nos prendem.

Além de combatermos esses problemas como ponto de partida para a inversão necessária do fazer políticadominante no nosso curso, também é necessário trabalhar o contato do CA com o corpo discente. Isso deve se dar através das mais variadas atividades, sejam elas acadêmicas, políticas ou culturais. Este contato deve ir além dos espaços ordinários de discussão dos problemas do curso.

Devemos buscar criar, junto aos estudantes, espaços que dialoguem com seus interesses. Exemplos de possibilidades não faltam: cine-debates temáticos, saraus como o realizado em outubro do ano passado, espaços de debate acadêmico ou um grupo de estudos sobre a estrutura da universidade – pois é preciso que a conheçamos com propriedade para criticá-la, superar a mera reatividade em que caímos e formular propostas. Também devemos buscar fazer atividades com os demais grupos estudantis já organizados: por exemplo, com a bateria Manda-Chuva da FFLCH, organizar campeonatos de ping-pong no espaço aquário com a Atéltica ou um debate com a Rádeo Várzea. Na verdade, iniciativas nesse sentido sempre existiram, mas o que é preciso é que esse espírito de trazer os estudantes à vivência e ao contato com o CA se torne a tônica da gestão do Cahis.

Junto a isso (e não se opondo), o Centro Acadêmico é um espaço em que se pensa, se discute e se faz política, seja a política do seu próprio curso, da Universidade ou do país. Talvez o exemplo mais forte tenha sido durante a ditadura civil-militar, quando os CA’s foram um importante foco de resistência ao regime. Não à toa foram fechados e proibidos de existir legalmente durante vários anos.

O que estamos chamando atenção então é para a integração entre os estudantes de história e destes com o seu centro acadêmico, pois sem isso pouco conseguiremos fazer enquanto estudantes em movimento. Sabemos que resolver esse problema vai muito além de uma questão de forma, ou seja, de criarmos espaços x ou y, e que pressupõe toda uma mudança no fazer movimento predominante hoje para que este procure se aproximar dos estudantes. E sabemos que isso não é uma mudança simples. Mas achamos que ela é necessária, e que uma gestão do Cahis tem muitas condições de cobribuir para isso. Pois sem uma base consolidada, sem que o movimento se torne um aglutinador em vez de um repelidor (e achamos que há interesse -inclusive político- por parte dos alunos para isso), não teremos um CA de fato dos e para os estudantes. Não teremos coesão para construir um movimento estudantil de fato da maioria e teremos dificuldade para conquistar qualquer reivindicação. Sem um CA que se aproxime dos estudantes não se faz política!

 

Porque achamos importante participar do movimento estudantil

e lutar por uma Universidade Popular

A USP é uma universidade que produz boa parte da dita elite intelectual do país, gente que provavelmente terá influência em algum espaço onde for atuar enquanto profissional depois de foramdo – no nosso caso, enquanto professores e historiadores. Fará diferença para a sociedade o que as pessoas que sairão daqui pensam e qual é a sua postura perante o mundo. Achamos importante que os estudantes tenham uma visão crítica e uma postura ativa em relação à sociedade, daí a importância de que o movimento estudantil se empenhe em dialogar com o conjunto dos estudantes, que fale sua língua.

Ao mesmo tempo, a universidade em si também é uma instituição-chave dessa sociedade. Muitas vezes temos a impressão de estarmos numa “bolha” que isola tudo o que aqui ocorre do mundo exterior. Mas isso também não deixa de ser parte de um projeto de universidade que vem de cima – e portanto ela está na verdade intimamente ligada ao que ocorre no “mundo real”. Assim, se temos uma sociedade desigual, temos que quem entra aqui é uma minoria privilegiada – são os filhos da elite e da classe média, com exceções. Se cada vez mais o mercado dita as regras da sociedade, vemos que o ensino, os currículos e a produção da ciência estão cada vez mais subordinados aos interesses do mercado. Ou seja, o que ocorre aqui (inclusive seu isolamento) está sim em consonância com o que ocorre lá fora. É o projeto de sociedade hegemônico o que determina os moldes do projeto de universidade. É quem está no poder. Por isso luta-se tanto pela autonomia universitária – para que outras ideias de universidade, que não a estabelecida no governo naquele momento, possam contribuir para sua construção. Através da autonomia universitária pode-se lutar para que a universidade, enquanto espaço de produção da ciência e reflexão sobre a realidade, contribua para as necessárias transformações sociais de que carecemos. É por isso que em SP, onde temos uma elite historicamente bem consolidada no poder (e também em tempo histórico, com nossos 20 anos de PSDB), a autonomia universitária é tão desrespeitada.

Por isso a USP parece querer se tornar cada vez mais uma universidade excludente e desigual, voltada para a lógica do mercado e do grande capital em vez das necessidades humanas mais urgentes de nosso povo. Um papel que devemos cumprir enquanto estudantes em movimento é o de lutar por uma universidade que, na contramão do que tem ocorrido, se volte aos interesses do povo. E devemos buscar fazê-lo junto aos mais interessados nessa mudança: o povo que não está aqui, os movimentos sociais organizados. Devemos lutar por uma Universidade Popular!

Mas para que consigamos influir nesses dois aspectos centrais (o pensamento hegemônico da futura “elite intelectual” e os rumos da universidade enquanto instituição-chave da sociedade) é preciso melhorarmos bastante algumas coisas. Um papel fundamental que devemos cumprir e no qual temos pecado muito é dialogar com o corpo estudantil. É papel de um movimento inteligente e organizado conseguir se integrar e dialogar com o conjunto de sua base, e sem isso pouco conseguiremos.

Movimento Nacional de Estudantes de História???

Um importante espaço que julgamos que o Cahis deve construir é a Femeh (Federação do Movimento Estudantil de História), entidade de articulação nacional dos estudantes de história. É através dela que são realizados os encontros nacionais e regionais (ENEH e EREH), bem como algumas pautas pertinentes a nós, futuros historiadores, como a Campanha pela Abertura dos Arquivos da Ditadura. Organizados, somos capazes de influir em questões de grande relevância para a sociedade brasileira – um povo alienado de sua memória é alienado também do próprio destino.

O fortalecimento dos espaços como o ENEH e o EREH também são de grande importância para que haja vida e troca entre estudantes de história de diferentes universidades do país, e a existência dessa vida só pode ser vantajosa para nós, pois sem nos conhecermos e sem que haja troca não se faz nada em coletivo. Por esses motivos, mas sem arrogar nenhuma exclusividade para nossa chapa, achamos de grande importância o fortalecimento da Femeh e de seus espaços.

Permanência Estudantil

Um debate que precisa ser fomentado pela entidade é sobre acesso e permanência na Universidade, que diz diretamente a respeito à universalização do ensino superior no Brasil. Partindo do principio que todos e todas têm direito ao ensino completo por ser necessário a formação individual, para garantir a igualdade de oportunidade e para construir a sociedade que desejamos, e que de modo geral esta não tem sido a realidade que presenciamos, nós universitários não devemos nos furtar dessa discussão e lutar para reverter esse quadro. Essa é uma pauta antiga do movimento estudantil, porém não tem alcançado muitos resultados concretos.

Dentro da pauta de garantia de acesso, o vestibular é um elemento sintomático num contexto de ensino fundamental e médio público sucateado. Surge numa lógica de meritocracia, em outras palavras, a pessoa precisa merecer seu ingresso no ensino superior. Esse é o discurso de seus defensores e o senso comum. A lógica que funciona por trás é a de um filtro social que exclui a maior parte da população. Alguns setores do movimento estudantil têm defendido como resolução deste problema o fim imediato do vestibular, entretanto o debate é muito mais profundo e são necessárias pautas mais propositivas obtidas pelo acumulo de discussão, como a implementação de cotas sociais ou raciais.

Para além do acesso, entretanto, uma questão que tem sido negligenciada e que é básica para garantir a universalização do ensino é a permanência estudantil. O índice de evasão na USP é um dos maiores do país, e isso decorre também pelas dificuldades enfrentadas pelos estudantes de baixa renda em se manter na faculdade. Não podemos esquecer que nossa Universidade se encontra em um bairro de classe alta, onde os aluguéis têm sabor salgado para os bolsos mais humildes. Além disso, nos confrontamos no dia a dia com outras despesas inevitáveis: refeições, xerox, livros e etc. Frente a tudo isso a Universidade deveria oferecer apoio a esses estudantes, porém vemos que estamos longe de atender a demanda. Embora paulatinamente (mais do que desejaríamos) as camadas mais baixas tenham conseguido entrar no ensino superior público, ao que tudo indica a administração universitária ainda não notou isso: o aumento de bolsas de auxílio e vagas no Conjunto Residencial da USP (CRUSP) não chegou nem perto de suprir a demanda. Quando se trata de moradia, a situação torna-se ainda mais grave: o processo seletivo realizado é altamente contestável e obscuro, os prédios em sua maioria estão sucateados e na contramão do óbvio, a Superintendência de Assistência Social (SAS) tem preferido investir em um auxílio financeiro irrisório do que na expansão de vagas presenciais.

Como proposta, a chapa Nós da História propõe um esforço em conjunto com as entidades que mais se engajam nessa discussão, a Associação de Moradores do CRUSP (AMORCRUSP) e o Núcleo de Consciência Negra (NCN). Ao lado dessas entidades, nossa intenção é construir um movimento amplo e propositivo em torno da questão do acesso e da permanência.

Reciclagem no Prédio

As questões cotidianas, que dizem respeito imediato a todos nós, frequentadores do prédio de História e Geografia e, em última instância, a todos os seres do planeta, encarando uma perspectiva global, devem ser encaradas com seriedade e fomentadas com responsabilidade pelo Centro Acadêmico. Achamos que o CA pode contribuir para a questão da manutenção do ambiente em nosso prédio, visto que o que queremos é um C.A. cada vez mais atuante nas questões mais práticas da vida estudantil e de toda a sociedade.

Produzimos bastante lixo no nosso prédio e julgamos importante que se discuta essa questão. No ano passado, vimos que foram instaladas nas dependências do prédio diversas lixeiras de coleta seletiva, mas o que percebemos é que até então a seleção do lixo não acontece. Isso pode ser mudado rapidamente, com um tratamento bastante simples dedicado a essa questão que nos atinge mais diretamente.

Mas além disso o fomento desse debate tem grande relevância para a sociedade. Por exemplo, o papel dos catadores de lixo nos centros urbanos e os interesses das empresas que estão por trás, já que sabemos que uma porcentagem ínfima do lixo do brasileiro é reciclado – só a realmente lucrativa (basicamente de alumínio, cujo processo de reciclagem sai mais barato que a extração-produção).

Sobre esse assunto que nos toca imediatamente, pensamos que houve ausência de diálogo com os frequentadores do prédio sobre a manutenção da seleção do lixo produzido. Também achamos que deveria ser discutido algo como uma parceria com os coletores que frequentam o prédio para recolher latinhas – e que, com a blindagem que a USP vem passando, misteriosamente passamos a não ver mais. Não basta esperar que a mudança venha de um momento para outro, precisamos de um amplo debate de conscientização com as pessoas, que passarão a ser também agentes de mudanças.

Essa e outras questões são colocadas em voga por nós, que buscamos iniciativas como coleta diferenciada do papel; disponibilização na entrada principal dos prédios de coletores de pilhas, bateria e baterias de celulares usadas; debate com todos os alunos, funcionários e professores sobre a importância destas e outras questões ambientais que tocam a todos e diz respeito ao destino de todos; junto com a reciclagem debater o papel dos catadores.

Componentes  inscritos  na  “Nós  da  História”:

Arthur Major Souza “Tutui” – 2º ano

Igor Muraro – 2º ano

Rafael Dias Scarelli – 2º ano

Sabrina Ferrazoni – 2º ano

Breno Pacheco Ribeiro – 4º ano

 

Programa da chapa “Edson Luís”

Chapa “Edson Luís”
No dia 28 de março de 1968 a polícia assassinou, em uma manifestação, Edson Luiz, estudante secundarista que lutava contra a ditadura. Sua morte foi o estopim para um levante estudantil e operário, no qual aconteceu a passeata dos 100 mil no Rio de Janeiro, e que só se encerrou com a instauração do AI-5, em dezembro deste ano. É em homenagem a este estudante, símbolo da luta contra a ditadura, que nomeamos nossa chapa. Mas também poderíamos chamá-la Stuart Angel, torturado e morto pela ditadura em 1971, ou Ornalino Cândido da Silva, estudante de 19 anos morto também pela polícia em uma manifestação contra o assassinato de Edson Luiz. Todos eles, além de haverem sido mortos pela ditadura, tiveram seus casos julgados por uma comissão criada pelo governo Fernando Henrique Cardoso na qual o atual reitor da USP, João Grandino Rodas, votou, em todos estes casos, pela absolvição do Estado.
É com esta compreensão e com a inspiração naqueles que, ontem, tombaram no combate ao regime militar e, hoje, são negros, pobres, operários, mulheres e terceirizados das periferias que sabem bem quais são os métodos desta “democracia dos ricos”, filha legítima da Ditadura, que seguimos adiante nessa luta para derrubar os muros, físicos ou não, que separam a USP do resto da população pobre e trabalhadora!
           
.: A USP na Ditadura Militar: a repressão a serviço de um projeto
            A partir do golpe militar de 64, o que se viu na USP foi uma profunda ligação entre a reitoria e o governo golpista. São vários os casos de membros da burocracia acadêmica da USP que também exerceram importantes cargos no governo, como Alfredo Buzaid e Gama e Silva, ambos reitores da USP que também foram ministros da justiça, sendo este último um dos mentores do AI-5. Tal grau de identificação entre a reitoria e o governo se traduzia em uma enorme intervenção do governo militar nos assuntos internos da USP.
            Essa intervenção estava ligada a todo um projeto que os militares, em aliança com empresários civis e representantes do governo dos EUA, tinham para a educação brasileira. Era um projeto que visava atrelar ao máximo a educação às necessidades da indústria e das grandes empresas do país e dos países imperialistas, retirando do ensino toda sua perspectiva de formular um pensamento crítico, e a substituindo por um aspecto puramente técnico voltado para a formação rápida e eficaz de mão de obra para o mercado. Isso tomou carne em medidas como os acordos entre o MEC e a USAID (United States Agency for International Development), formulados por técnicos norte-americanos que defendiam abertamente a privatização do ensino superior brasileiro, e que, por exemplo, retiraram do currículo escolar básico matérias “obsoletas” como Filosofia e diminuíram a carga horária de História.
            A intervenção do governo militar na USP, com o objetivo de implantar esse projeto na principal universidade do país, foi fortíssima. Se valendo de todo o aparato repressivo e do regime de exceção jurídica proporcionados pelo regime militar, a reitoria travou um acirrado combate contra todos que se colocavam como um obstáculo para o atrelamento da USP às necessidades imediatas do capitalismo internacional, gerando uma enorme lista de vítimas da repressão na USP durante esse período.
            A reitoria queria eliminar não apenas os militantes que se opunham ao seu projeto, como o caso do estudante Alexandre Vannuchi Leme, ativista do movimento estudantil que foi assassinado no DOI-CODI, mas também visava moldar ideologicamente o que era ensinado em sala de aula, nos moldes da já mencionada reformulação nacional do sistema educacional. Assim, foram expulsos da universidade figuras como Florestan Fernandes e Mario Schenberg, professores abertamente marxistas, além de constarem na primeira lista de “elementos subversivos”, elaborada pela reitoria, vários professores da Faculdade de Medicina que defendiam que as pesquisas na área de Saúde Pública tivessem mais espaço na universidade.
            Em síntese, a atuação da Ditadura na USP se resumia em repressão para avançar com o projeto de privatização. Nada mais atual!
            .: O que a “transição” deixou de herança
            A transição democrática dos anos 80 ocorreu de maneira pactuada, a partir da Lei de Anistia que garantia a impunidade a todos os responsáveis pelos crimes cometidos pelo Estado durante a Ditadura, e reservando a essas mesmas figuras um espaço no novo aparato estatal “democrático” que surgia.
Na USP, esses aspectos de continuidade entre a Ditadura e a realidade atual são também inúmeros, a começar pelo projeto de universidade privatizante, pautado pela ação das fundações privadas e das necessidades da FIESP (detentora de uma cadeira no Conselho Universitário), que permanece essencialmente o mesmo. Os reflexos desse projeto impactam especialmente os cursos sem apelo mercadológico, como os da FFLCH. A derrubada, por Rodas, do gatilho automático de reposição de professores, conquistado na greve de 2002, já começa a reverberar em nosso curso, com, por exemplo, a matéria de História Antiga contando apenas com três professores atualmente, contando no próximo ano apenas com dois. Esse é só um exemplo que mostra o sucateamento que os cursos da FFLCH sofrerão caso a reitoria consiga avançar com seu projeto.
Além disso, vários elementos evidenciam o avanço da elitização que a reitoria quer imprimir à USP, como os cursos pagos que já são ministrados, por meio de uma fundação privada ligada à FEA, os diversos alunos que enfrentam o descaso da reitoria com a falta de vagas do CRUSP e de bolsas que garantam a permanência estudantil, ou novo regimento da pós que, se aprovado, fará com que a gratuidade não seja mais obrigatória nesses cursos.
Ligam-se a isso também os ataques desferidos contra os trabalhadores da universidade, como a manutenção da demissão política do diretor do SINTUSP Claudionor Brandão, a demissão repentina de centenas de trabalhadores no começo de 2011, projetos de “avaliação” arbitrária como o PROADE, que buscam criar condições para demissão em larga escala, e o aumento da verba destinada à terceirização, regime de trabalho controlado pela máfia das empresas terceirizadas e que pagam muitas vezes menos que um salário mínimo para os trabalhadores, além de submetê-los a condições sub-humanas de trabalho.
Em 2010, tomou posse o reitor João Grandino Rodas, com o objetivo claro de minar essa resistência e avançar definitivamente com o projeto do governo para a USP. Expressão máxima desse objetivo pudemos ver ano passado, com uma operação de guerra montada pela Tropa de Choque para dissolver a ocupação da Reitoria que foi análoga à invasão do CRUSP pelo exército em 68, e com os processos movidos contra ativistas estudantes e trabalhadores, visando eliminá-los do corpo discente e de servidores da USP.
            Esses processos demonstram como não só o conteúdo do projeto de universidade é o mesmo da Ditadura, mas que também alguns mecanismos repressivos daquele período são revividos por Rodas. Os atuais processos contra estudantes e trabalhadores foram movidos com base em trechos do Regimento da USP decretados em 72, no auge do vigor do AI-5, e relembram muito os métodos usados pela Ditadura, já que a reitoria é quem acusa, quem julga e quem aplica a pena. Caso essas expulsões se efetivem sem uma resistência à altura do movimento estudantil, será um ataque da reitoria como há muito não se via, abrindo um precedente seríssimo para a eliminação de toda forma de resistência dentro da USP. Para lutarmos contra a ditadura do passado e do presente é necessária uma grande campanha militante contra as expulsões e demissões, que questione esta estrutura anti-democrática da universidade e que investigue as ligações entre o poder na USP e a ditadura militar através da instauração de uma comissão da verdade com autonomia em relação à reitoria.
            .: A compreensão do passado a serviço da luta do presente
            A primeira tarefa que temos é construir uma grande campanha em defesa dos estudantes processados e do SINTUSP, barrando esse enorme ataque que pode significar um grande retrocesso para o movimento estudantil e de trabalhadores. Para combater a repressão e continuar a luta pela democratização da nossa universidade, reivindicamos os métodos de luta dos estudantes, em aliança com os trabalhadores.
Ano passado tivemos um grande exemplo dessa aliança, quando 400 trabalhadores e trabalhadoras terceirizadas da limpeza entraram em greve por estarem com os salários atrasados, e conseguiram conquistar o pagamento depois de semanas de luta em aliança com os estudantes e o SINTUSP. Nos orgulhamos de termos estado lado a lado daqueles trabalhadores e trabalhadoras nessa luta, lutando pelaefetivação dos terceirizados e terceirizadas sem necessidade de concurso público, e lembrando que depois de formados muitos seremos professores, uma das categorias que mais sofre com a precarização dos postos de trabalho atualmente.
             O fato da grande maioria daquelas trabalhadoras serem mulheres e negras evidenciou a opressão velada tão presente em todos os aspectos da nossa sociedade. O ambiente universitário não está livre disso, muito pelo contrário, como vemos no conteúdo machista que existe por trás de boa parte das festas que ocorrem no campus, sendo necessário um movimento estudantil que lute cotidianamente contra o racismo, o machismo, a homofobia e toda forma de opressão presente em nossa sociedade.
            Os estudantes da USP deram um grande exemplo ano passado, fazendo uma massiva greve contra a presença da PM dentro do campus. Mesmo com toda a campanha reacionária da grande mídia, conseguimos fazer atos de rua com milhares de pessoas, além de ter conseguido colocar em evidência o debate a respeito da brutalidade da PM, sentida cotidianamente pelos jovens pobres e negros das periferias do país. Reivindicamos essa luta, e nos orgulhamos de ter defendido medidas que a fizeram avançar – muitas vezes contra os setores que têm se alternado nas gestões do DCE, e que impulsionam outras chapas nessas eleições. Um exemplo foi o comando de greve com delegados votados proporcionalmente nas assembleias de curso, importante instrumento de auto-organização que permite que a luta seja dirigida democraticamente pela base dos cursos. Reivindicamos essa experiência, e defendemos que ela seja retomada e aprimorada pelo movimento estudantil da USP.
Defendemos também uma estrutura mais democrática de organização das entidades estudantis, hoje com gestões majoritárias, nas quais a chapa que tem mais votos assume a gestão sozinha. Defendemos que elas se organizem com gestões proporcionais, com todas as posições políticas do curso, expressas nas chapas, assumindo a gestão proporcionalmente ao número de votos que obtiverem. Assim a entidade cumprirá seu papel de impulsionar os debates da base dos cursos e ser um importante instrumento de auto-organização.
Dentro da USP precisamos colocar como uma de nossas lutas centrais a derrubada da antidemocrática estrutura de poder e do regimento herdados da Ditadura, lutando por uma estatuinte livre e soberana, com representação proporcional dos três setores da universidade, imposta pela mobilização e sem a burocracia acadêmica, que elabore um novo estatuto com o objetivo de discutir todos os problemas, as prioridades e os objetivos, e, assim, dar à USP o caráter social que uma universidade tem que ter, colocando-a a serviço da maioria da população e criando uma estrutura de gestão democrática dos três setores, proporcionalmente, com o fim da Reitoria e do Conselho Universitário, minando, assim, as bases da repressão e da privatização.
Juntamente a isto, é necessário democratizar o acesso e o conhecimento produzido na universidade, lutando pelo fim do vestibular, só possível com a estatização dos grandes monopólios do ensino privado, e pela produção de um conhecimento na universidade que esteja a serviço dos trabalhadores e do povo pobre. Contra os muros da USP elitista, é preciso que se derrubem as barreiras à população pobre e trabalhadora!

Programa da chapa “Chapa “Até que se torne Inevitável…”

Chapa “Até que se torne Inevitável…”

O Centro Acadêmico:
A vida na Universidade não é perfeita, pelo contrário, é nela que, eventualmente, nos deparamos pela primeira vez com problemas de dimensões antes pouco captadas pela nossa percepção. Estes são apresentados a nós individualmente, mas devem ser entendidos em conjunto e resolvidos coletivamente.
Por isso, nós da chapa “Até que se torne inevitável…” defendemos a concepção de que o C.A deve ser considerado um espaço onde a discussão, deliberação e decisão coletivas são realizadas em público pelos estudantes, constituindo um mecanismo que possibilita transformações, uma vez que faz surgir o novo através da organização de um movimento por uma universidade e uma sociedade mais dignas.
Entendemos o C.A. enquanto um organismo pluriparticipativo e autônomo – aberto para as idéias de indivíduos, grupos, coletivos, partidos, etc. -, expressando a oportunidade de nós, estudantes, sermos livres e responsáveis para lutar por outra realidade. A manutenção dessa liberdade, em contrapartida, exige o nosso comprometimento, sendo constantemente necessário nos doarmos inteiramente para a discussão de questões que envolvem o público em detrimento de nossas necessidades privadas.
Concebemos assim que, é de suma importância a participação do maior número de estudantes constantemente nas reuniões e atividades do C.A, pois não acreditamos que os membros da gestão são meros indivíduos que se oferecem a prestar serviço político ao resto dos estudantes: semelhante ao trabalho executado por uma alavanca, o seu principal dever reside em impulsionar o debate e a ação, com base em um programa político e nas questões que os estudantes decidem tratar. Sua disposição em participar diretamente da organização do C.A. não faz – e nem deve fazer – deles uma vanguarda política que sozinha pensa, cria e decide por todos, pois elaborar uma ação política não é algo que corresponde a retirar uma mercadoria da prateleira de um supermercado, já pronta e acabada para ser utilizada: é preciso construí-la!
Pela Educação e Organização Nacional!
Desde o ano passado, as mobilizações internacionais provaram que a juventude e o Movimento Estudantil continuam a ter um papel de resistência e transformação na defesa da educação e de outro modelo de sociedade. Por isso, acreditamos que o CAHIS deve estar em sintonia com as pautas nacionais – e internacionais – de luta social, em especial no que toca à educação.
O último Plano Nacional de Educação (PNE) proposto pelo Governo Federal e aprovado neste ano revela a continuidade de políticas de precarização e privatização do sistema educacional público. Entre suas principais diretrizes encontram-se: o investimento de apenas 7% do PIB (somente para 2020!), manutenção do REUNI – programa que prevê a expansão de vagas sem o aumento proporcional de verbas que criou, gerando este ano uma série de greves e mobilizações em dezenas de universidades federais por conta da precariedade; ampliação do ensino à distância e da privatização (PROUNI – financiamento público de vagas em instituições privadas).
Dentro disso, devemos lembrar a situação do professor hoje, que vê, a cada dia, aumentar a precarização das suas condições de trabalho concomitantemente à desvalorização de seus salários.
Os estudantes, que já lutaram historicamente pela defesa da educação pública, ano passado realizaram um plebiscito nacional pelo aumento dos repasses públicos para a educação em defesa da melhoria do ensino em cada localidade: 10% de investimento público para a educação pública e de qualidade, já!
Acreditamos que o CAHIS não pode estar fora destas lutas, integrando sua plataforma de reivindicações locais com outras entidades estudantis e movimentos sociais que estão inseridos nesta mesma realidade.
Para isso, é necessário que se articule nos níveis local e nacional: com outros Centros Acadêmicos, com o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e as entidades nacionais como a ANEL e a Oposição de Esquerda da UNE, assim como a Federação do Movimento Estudantil de História (FEMEH), que tem como principal bandeira a campanha pela abertura dos arquivos da Ditadura – algo que há muito tempo é demanda dos estudantes da nossa área. Dentro disso, nosso C.A a construiu em 2012 o Encontro Regional (EREH) e construirá o Encontro Nacional de Estudantes de História (ENEH), ambos em São Paulo.
Pela Universidade!
A USP: uma universidade pública necessita ser um espaço laico, gratuito e de qualidade, a serviço da população. Não é o que tem acontecido, desde sua fundação até os dias atuais. Sob a máscara da modernização, a atual Reitoria vem implantando um projeto que visa intensificar a privatização, o produtivismo, a precarização do trabalho e a elitização na Universidade em detrimento do senso crítico e da qualidade da produção científica, implementando tais práticas através de graves medidas coercitivas ao tom da ditadura militar.
Ao invés de ampliar suas fronteiras e derrubar os seus muros o que vemos é uma USP cada vez mais fechada em si: o vestibular ainda não avançou na política de cotas, a maioria da unidades não tem uma política séria de extensão e o seu próprio espaço físico vem se fechando para o serviço à comunidade.
A entrada autorizada da PM no campus é a expressão mais recente desse fechamento. Justificada pela necessidade de segurança, pretexto para perpetuar e desenvolver um projeto de universidade autoritário, anti-democrático, elitista; afinal como diz a “reitorarquia”: “um ensino público não necessariamente precisa ser gratuito.”
A universidade tem o papel de pensar criticamente a sociedade, entretanto a reitorarquia se absteve desse papel de fomentar a construção de alternativas à melhoria da segurança no campus, por questões evidentemente políticas, e trouxe, negando o senso crítico, uma opção corrupta, desumana e malograda como a PM, a qual possui uma tarefa clara, que é a de reprimir a atuação política e crítica do corpo universitário, chegando ao ponto de prender e processar 73 estudantes e expulsar 6 por praticar sua liberdade política em prol da coletividade.
O que ocorre, na verdade, é que a USP está se enclausurando cada vez mais, isentando-se de fomentar ações, pesquisas e atividades de extensão que ampliem a relação com o mundo do trabalho, organizações sociais e com os movimentos populares.
A Policia Militar reforça cada vez mais um distanciamento, pois já tem tomado atitudes violentas com os estudantes, trabalhadores e com a população que circula pelo campus, pautada em estereótipos preconceituosos, que acabam transformando ‘segurança’ em mais um método de repressão e cerceamento.
Queremos mais iluminação, mais pontos de ônibus, mais circulares, e que a USP esteja mais aberta a comunidade, pois só assim avançaremos em relação à segurança e a um projeto de Universidade realmente pública.
Quando se trata de recursos, a USP apresenta-se contraditória, pois possui verbas que ao invés de serem aplicadas para melhorar sua estrutura, permanência estudantil, contratar mais professores, etc, são utilizadas para comprar escritórios e vagas de estacionamento na região da Paulista, além de tapetes de R$50mil.
Além disso, o reitor Rodas fez pronunciamentos na mídia favoráveis ao financiamento privado e à cobrança de mensalidades e, na prática, este
projeto já trouxe consigo cursos pagos, inclusive uma graduação paga na FEA. A que necessidades sociais respondem este tipo de financiamento?
Dentro dessa política privatista, encontramos um grande problema, que no ano passado saltou aos olhos de todos: a política de terceirização de serviços na USP. Temos que lutar contra a terceirização, pois está totalmente vinculada à desqualificação e antidemocratização do ensino, fruto da decisão da reitoria e de um projeto político que reforça a lógica de precarização do trabalho. Ainda mais, quando sabemos que os
funcionários concursados têm sua estabilidade de emprego e liberdade de luta ameaçada por políticas de avaliação produtivistas – PROAD.
Os pesquisadores – docentes e discentes – também são prejudicados com um projeto produtivista e privatista. A qualidade das pesquisas é totalmente baseada em critérios
quantitativos, como o número de defesas de teses, papers, etc. O novo regimento da pós-graduação divide o que é produção científica do que é mercadológica, e exclui a obrigatoriedade da pós ser gratuita, também reduz o pra um ano, coloca novas metas e avaliações meritocráticas. Por outro lado, a idéia de extensão encontra-se diluída e são poucos os incentivos para a integração e a articulação da Universidade com a formulação de atividades em áreas de interesse social.
Cada vez mais a USP adapta-se aos moldes que os rankings exigem. No fim do ano passado a
reitoria elaborou novas diretrizes curriculares visando à sua ”modernização”, avaliando os cursos de acordo com a sua “demanda social”. Concretamente, isso significou a tentativa de diminuir o número de vagas em alguns cursos e de fechar outros. Enquanto isso, muitos programas de Ensino à Distância estão sendo implementados como “poupadores de mão-de-obra”, viabilizando o aumento das estatísticas referentes às matrículas de uma maneira barata e precária.
Nossa chapa propõe a realização de constantes debates com os demais estudantes do Departamento, buscando dessa forma uma maior participação e envolvimento
de todos na busca por soluções e ações no combate desses e de outros ataques promovidos incessantemente pela reitoria.
A exemplo a Semana de Graduação que realizamos ano passado e nos permitiu novos acúmulos sobre nossas propostas.
Achamos importante construir um diálogo com os demais centros acadêmicos da FFLCH, buscando uma unidade estudantil prática para desenvolver possíveis projetos de extensão.

 

Pelo Departamento…
O curso de história da USP é considerado hoje como um dos melhores do mundo. Contudo, não devemos nos deixar levar pela avaliação dos rankings, refletindo o que estudamos e como agimos no departamento. A começar com o nosso currículo em que vemos a deficiência de conteúdo, como em História da África e Ásia, contribuindo na manutenção da história europeizante; e de forma, com a falta de um primeiro semestre que integre os calouros, com a falta de planejamento para os cursos do noturno, dificuldade na matrícula, salas lotadas, etc.
Mas encontramos alguns problemas de fundo para conseguirmos transformar essas questões do cotidiano: a estrutura de poder do departamento. Os principais espaços de discussão entre professores e estudantes, para o planejamento e elaboração de soluções conjuntas para os problemas existentes no departamento não funcionam de forma democrática. A Plenária Departamental, por exemplo, é realizada uma vez por mês no período matutino, destinando uma representação discente de apenas cinco estudantes contra a esmagadora maioria do corpo docente (estando todos os professores habilitados a votar e sendo que constantemente o departamento “esquece” de convocar os representantes discentes). Ou seja, além de restringir o número de votos dos estudantes em assuntos de seu próprio interesse, vemos que a plenária, realizada em horário de pouca circulação estudantil, opera de modo a limitar até mesmo a simples audiência discente.
Nestes termos, consideramos de suma importância enfrentar a “estrutura de poder” do departamento. Por isso defendemos a existência de assembleias departamentais, ou seja, espaços de discussão entre professores, funcionários e estudantes das questões do nosso departamento, cujos encaminhamentos sejam levados ao conselho departamental, e que sejam realizadas no entre aulas estendido, com divulgação de data, local, horário e pautas por e-mail institucional de todos os estudantes, para que seja possível uma participação ampla. Também defendemos isso para as comissões e, ainda consideramos essencial a efetivação de uma “comissão de orçamento”, paritária, que dê aos estudantes uma ampla noção dos repasses financeiros feitos ao departamento e a destinação dessas verbas; e da comissão de avaliação do curso, aprovada na semana de graduação de 2011, que discuta sobre as elaborações que temos acumuladas e avance para concretizar uma reforma curricular.
Como Historiadores!
O ano passado e também 2012 estão sendo marcados por manifestações populares massivas e expressivas, que ocuparam praças e tomaram as ruas, mostrando que a despeito do que se achava o curso da História não chegou ao seu fim.
Nesse contexto, é preciso pensar profundamente: qual é a função social de nossa profissão?(lembrando que na verdade não há a profissão historiador).
Acreditamos que o historiador não deve se abster dos processos, analisando os de modo distanciado e academicista. Este deve se inserir como sujeito na realidade do tempo presente, atuando e produzindo significações e interpretações dos processos históricos a partir da práxis e, principalmente, para a práxis, é somente assim que o ofício do historiador ganha significado e relevância social.
Temos que ser ativos e questionar os moldes pelos quais a História nos foi passada na escola, e que nos é passada agora no Ensino Superior, pois a construção da história e da memória se refletem na formação escolar, intelectual e identitária da sociedade, sendo essenciais no combate à exploração e à opressão.
Temos que revolucionar as prioridades, e questionar: história pra quê? E pra quem?
A Comissão da Verdade, aprovada este ano pelo governo federal, tem o papel de criar um ‘discurso oficial’ no entorno do período da ditadura militar no Brasil. Sua formação não contempla as exigências dos movimentos sociais que pautam esta questão. Os historiadores não podem se furtar de ser um agente social e político nesse processo, em defesa das vítimas diretas do Golpe, e da sociedade. Na USP, por exemplo, um monumento na Praça do Relógio, nomeou, ‘por engano’, o golpe militar como “Revolução de 64”.
Frente a isso, propomos a existência de um espaço periódico para debater e nos informar acerca dos processos da atualidade tanto na Universidade quanto no Brasil e no mundo.Pautando também nossa inserção prática nos movimentos sociais.
Pelo Meio Ambiente!
As discussões sobre o meio ambiente, ou seja, o local em que vivemos e do qual dependemos para nossa sobrevivência, vem se intensificando nos últimos anos.
Entretanto, a Universidade e o movimento estudantil ainda não tratam a temática com a devida atenção. É necessário despertar na sociedade uma consciência crítica sobre os problemas que o planeta vem enfrentando e buscar soluções, partindo do questionamento sobre as informações parciais – e, muitas vezes, enganadoras – apresentadas pela mídia e unindo as soluções individuais às ações de grande escala.
Para debatermos o meio ambiente, não podemos esquecer a ligação direta existente entre a temática e as questões políticas e sociais da atualidade. Isso significa estabelecer a relação da ação humana na natureza com os interesses políticos das grandes empresas, a desigualdade na distribuição de recursos, a confusão entre o patrimônio público e a iniciativa privada, entre diversas outras, colocando em xeque a bandeira do desenvolvimento sustentável, que não é compatível com a lógica de produção capitalista.
A partir disso, esta chapa propõe a construção de uma semana dedicada ao meio ambiente na História, abordando a questão através de palestras, oficinas e mesas de debate, com o auxílio de profissionais de outros departamentos da universidade.
Também promover maiores informes sobre as discussões e as soluções ambientais através do boletim do CAHIS, realizar trabalhos diretos com as comunidades que são vítimas da intensificação do processo de degradação e abrir maiores espaços de debates sobre o tema no departamento.
Na Arte e na Cultura!
A Arte: uma linguagem. Uma forma expressiva de intercâmbio do pensamento, de atitude e técnica entre os seres humanos. Expressão de liberdade e crítica.
O debate sobre a atividade artística se faz necessário no curso de história, principalmente quando percebemos um distanciamento entre arte e o movimento estudantil. O porquê de tal distanciamento? Pergunta a qual queremos responder, não apenas com retórica, mas trazendo a produção artística de volta às nossas reuniões, aos nossos pátios e corredores.
Os artistas sempre estiveram na vanguarda dos movimentos sociais, sendo capazes de produzir uma só linguagem para o letrado e o indouto, além de provocarem na história o questionamento das estruturas de poder que privaram ser humano de sua liberdade.
A Arte: geratriz de um Movimento que deve indagar aparelhos estranhos ao interesse coletivo.
Nossa chapa quer trazer os estudantes de história para construir um coletivo de Arte e gerar um movimento na USP, no qual se reflita sobre uma arte de ruptura, de questionamento e provocação da inércia sociopolítica de nossa época. Existem rochas que há muito precisam ser questionadas e trituradas por nossa crítica e ação; como as estruturas de poder, a desigualdade social, o machismo, a homofobia, o racismo. Elementos petrificados na malha de nossa mentalidade, como se fossem inerentes à natureza social e alheios à nossa percepção crítica.
Dois festivais de Arte foram pensados, um em cada semestre, para compor o ciclo de debates de nosso curso; de forma que os estudantes construam coletivamente esses eventos e apresentem suas ideias e obras, com o objetivo de discutir sociedade, política e universidade, pensando e propondo ruptura, Catáclase.
Contra as Opressões!
A sociedade em que vivemos hoje está baseada na exploração que necessita firmar-se cotidianamente. As opressões estão inseridas nesta lógica da qual são, ao mesmo tempo, produtos e produtoras. A universidade não está isenta de violência da exploração e da opressão, por isso queremos debater como isso se expressa e afeta tod@s nós.
O machismo… está estampado nos cartazes de festas, que usam o corpo da mulher para vender ingressos; na falta de segurança; na falta de creches para @s estudantes que têm filh@s; na atitude cotidiana dos estudantes uns com os outros. O racismo… fica óbvio ao notarmos que quanto mais elitizado é um curso, menos negr@s ele terá, ao constatarmos o quase inexistente número de professor@s negr@s. A homofobia… está presente nas festas em que casais homossexuais são ameaçados e agredidos; o silêncio institucional sobre agressões física e morais baseadas em orientação sexual, identidade e performatividade de gênero demonstram a conivência da universidade em não se propor a alterar as estruturas e lógicas machistas e heteronormativas da sociedade.
E a Universidade, este “espaço de democracia e produção do saber”, o que faz para combater estes problemas sociais históricos? Muito pouco e, pelo contrário, cada vez mais esta instituição os naturaliza e reforça. A universidade vem, dessa maneira, colaborando com práticas e comportamentos opressores que perpassam raça, cor, gênero, sexo e classe. A título de exemplo, a política de terceirização expressa muito bem como essas opressões aparecem e constroem o projeto de universidade que temos hoje: partindo de sua origem de classe, @s trabalhador@s terceirizad@s são em sua maioria mulheres negras, e só entram aqui para trabalhar, servir sem salários dignos, sem boas condições de trabalho e não têm nenhuma perspectiva de usufruírem da função social da universidade.
Temos que combater as opressões na universidade e na sociedade como um todo, e nos organizar com os movimentos existentes na USP e fora dela como a Frente Feminista da USP, os coletivos feministas, o Núcleo de Consciência Negra, o Diversidade Sexual para organizar debates, palestras, mini-cursos e campanhas com estes temas.

NOTA CONTRA A CATRACALIZAÇÃO DA FEA-USP

São Paulo, 24 de Junho de 2012

Ao CAVC:

O CAHIS, Centro Acadêmico de História, posiciona-se acentuadamente contrário à decisão imposta pela diretoria da FEA, referente à instalação de catracas nos acessos aos seus prédios, tornando público nosso apoio às reivindicações do CAVC. Entretanto, discordamos da proposta de consenso emitida pela nota do dia 03 de junho de 2012, uma vez que acreditamos ser imprescindível insistir na ilegitimidade da catracalização do primeiro andar do FEA1 e dos prédios FEA2, FEA3, FEA5. Além de sermos contrários à dinâmica de voto paritário, como opção representativa relativa ao plebiscito.
Primeiramente, acreditamos na importância do espaço público, já que ele representa uma esfera autônoma em relação às circunscrições econômicas, étnicas e religiosas, tendo sempre em vista abarcar o universal, sendo pertencente à todos e alheio à particularismos políticos de qualquer ordem. Contrariamente, a natureza do espaço privado inibe os indivíduos de explicitar seus valores políticos e interesses, enclausurando-os com eles e eliminando a possibilidade de transformá-los ou amadurecê-los, uma vez que os priva de um debate que contemple opiniões e realidades diversas.
Pois bem, a instalação de catracas num espaço público como a FEA, corresponde a uma decisão que pretende ou acaba estreitando o acesso de indivíduos que não sejam ligados à Universidade, fazendo com que a natureza espacial da faculdade tenda ao privado. Ora, a FEA faz parte de uma Universidade pertencente a todos e, por isso, sua decisão pela catracalização mostra-se automaticamente ilegítima, uma vez que neutraliza seu caráter público inerente. A aprovação de uma decisão que vise reverter o caráter público da FEA a um de tipo privado é algo que chama a responsabilidade de toda a comunidade universitária, na medida em que o espaço da FEA, justamente por ser intrinsecamente público, pertence à toda sociedade.
Além disso, é importante ressaltar que a instalação de catracas numa Universidade torna-se legítima apenas quando visa resguardar o patrimônio público (Biblioteca, Laboratório etc.). No entanto, uma catracalização que tem como finalidade principal, a proteção de bens particulares (notebook, mochilas, celulares etc.), mostra-se inválida, uma vez que transgrede a essência do espaço enquanto ágora. Considerando como pressuposto que uma Universidade que se diz pública tem como objetivo primordial resolver os problemas da sociedade, não é isolando-se dela que se faz possível satisfazer este objetivo primeiro, mas sim se imergindo na realidade social e buscando na prática cotidiana solucionar problemas, como o roubo, por exemplo.
Portanto, acreditamos ser importante desmistificar a ideia de que espaço público é de ninguém, construindo uma cultura espacial, de modo a interagir universidade e sociedade. Dessa maneira, questionamos a ampla autonomia das direções das faculdades em tomar decisões, as quais invalidam o caráter público de seus espaços – fato que determinou arbitrariamente a instalação de catracas nos espaços do primeiro andar do FEA1 e nos prédios FEA2, FEA3, FEA5. Por isso cremos que o CAVC deve se esforçar para impedir a catracalização de todas as unidades da FEA. Somado a isso entendemos a importância do plebiscito, embora discordemos de sua dinâmica paritária.

Centro Acadêmico de História – USP

Ata reunião do GT de Permanência 16/09/2014

Informes:
_Nas próximas semanas o GT de permanência do CRUSP irá realizar um encontro para se discutir politicas de assistência social (data a definir);
_Na UFRJ irá ser realizado um encontro regional sobre moradia

Discussão sobre o GT:
_ Que o GT formalize um questionário para mapear condições socioeconômicas dos alunos e das alunas do curso de história, buscando descobrir quais precisam de algum tipo de auxílio permanência, se conseguiram através da SAS ou não, etc;
_Que a partir desse conhecimento possam ser organizados trabalhos para auxiliar xs estudantes;
_Auxiliar xs estudantes com a burocracia que envolve as questões de permanência.

Próxima reunião: Segunda-feira (22/09) às 18h no CAHIS
Pauta da próxima reunião: discutir o mapeamente e elaborar o questionário

ATA ASSEMBLEIA DE ESTUDANTES DE HISTÓRIA 15/09/14

Informes:
– João Capusso: retratação pessoal por equívoco ao dar informe na Assembleia Geral sobre situação do curso de História / Ocorrerá um debate na quarta-feira com o tema “História da África, dos Afrodescendentes e o Ensino de História”, a partir das 18h30, no Auditório da História;
– Rafael: calendário da semana com atos na terça e na quarta e Assembleia Geral na sexta-feira / Além disso, ocorrerá na quarta-feira, a partir das 21 h, reunião do GT de Permanência do AMORCRUSP;
– Marília: na quinta-feira, às 18 h, haverá reunião do GT de Autogestão da História, no Espaço Aquário;
– Marcus: prestação de contas referentes ao mês de agosto já disponível no blog do CAHIS e pendência em relação a dinheiro doado ao AMORCRUSP / João Luís (complemento): já houve uma conversa com a AMORCRUSP e há a proposta de divisão entre as duas entidades do valor de R$400,00 doado ao acampamento do SINTUSP;
– Branca: ocorrerá no mês de outubro o II Encontro de Mulheres da USP e a organização do evento solicita contribuições do CAHIS;
– Ariane: Alckmin deu declaração, pressionado pelos trabalhadores em greve, de que é contra a desvinculação do Hospital Universitário / Sexta-feira, 19/09, haverá Assembleia Geral de Estudantes / Sábado, 20/09, haverá Comando de Greve / Terça-feira, a partir das 13 h, tem ato no C.O. e na quarta-feira, a partir das 9 h, tem ato até o Palácio dos Bandeirantes;
– Marcelo: Rede Emancipa realizando atividades na História e gostariam de guardar um armário na sala do CAHIS;

Encaminhamentos gerais
– Não houve proposta de encerramento da greve de estudantes de História, portanto, a manutenção da greve no curso foi aprovada por consenso;
– Formar um GT de Permanência da História que discuta a partir das abordagens da História a questão da permanência estudantil e que se articule com os GTs da Geografia e do AMORCRUSP;
– Permissão para que a Rede Emancipa guarde um armário na sala do CAHIS e viabilização de acesso dos colaboradores do cursinho popular à sala nos sábados de manhã;
– Assembleia de estudantes de História no dia 23 de setembro, terça-feira, às 18 h;
– Formar bloco de estudantes de História nos atos da semana e confecção de faixa “Estudantes de História em greve”;
– Refazer os piquetes no prédio da História;
– Pensar em métodos para chamar mais gente pra próxima assembleia (por exemplo: cartazes), porque evento no Facebook não é suficiente;

Finanças
– Doação de R$200,00 para Comando de Greve Estudantil;
– Dividir a doação de R$ 400,00 ao acampamento do SINTUSP com o AMORCRUSP (R$ 200,00 do CAHIS e R$ 200,00 do AMORCRUSP);
– Aprovar R$ 100,00 para compra de materiais (kraft, tintas, tesoura, café e açúcar) para sala do CAHIS.

Eleição de delegados
– Tivemos presença de 37 pessoas na assembleia e, portanto, elegemos dois delegados para o Comando de Greve;
– Houve a inscrição de apenas uma chapa;
– Resultado da votação: 27 votos para Chapa 1 e 10 abstenções;
– A História será representada no Comando de Greve por dois delegados da Chapa 1.