Eleições do centro acadêmico de história- Programa da chapa “Apologia da História”

Manifesto da chapa Apologia da História

A chapa Apologia da História surge a partir de um sentimento comum de diferentes estudantes, entre calouros/as e veteranos/as do curso de História, de que há um esvaziamento do movimento e dos espaços estudantis no nosso curso e que é preciso alterar essa lógica, fortalecendo-os e ressignificando-os. Acreditamos que é papel do movimento estudantil incluir todos/as os/as estudantes independentemente da participação ou histórico dentro do próprio movimento, abraçar e politizar suas demandas e abranger muitas e muitas vozes.

Atualmente entendemos que o CAHIS Luiz Eduardo Merlino, tem existido apenas nas reuniões e assembleias. Nós queremos que ele esteja no dia-a-dia, que caminhe lado a lado com os/as estudantes, que pense uma agenda cultural, debates, festas, no qual consiga discutir a produção de conhecimento do departamento, a profissão de historiador/a, a docência etc.

Acreditamos que somente um movimento presente, democrático e agregador tem a capacidade de ser forte e, assim, propositivo, conquistando melhorias para a vida estudantil.

Qual nossa concepção de CA?

Nós da chapa Apologia da História entendemos que o Centro Acadêmico deve ser referência para a organização, mobilização e debate entre os estudantes de história e isso só é possível com grande adesão do corpo estudantil, não só em assembleias e plenárias mas também e, principalmente, no cotidiano. Para que assim seja, é necessária a participação e construção de muitos/as, e não apenas de uma pequena cúpula que debate sozinha. O CAHIS deve ser dos/as e para os/as estudantes.

Para tanto, o CAHIS precisa estar aberto a pluralidade dos estudantes e ouvir todas as vozes dissonantes, para ser efetivamente democrático e construir o espaço e demandas estudantis além das assembleias e reuniões. Nesse sentido, frisa-se a diferença entre o que é a gestão e o que é a entidade CAHIS. Mesmo que a gestão tenha seus posicionamentos, a entidade deve manter sua autonomia e, sobretudo, contemplar a autossuficiência política de todos os estudantes. Ressaltamos assim, a necessidade de fortalecer o diálogo entre o centro acadêmico e os estudantes, para que este espaço seja de fato de todos/as nós.

Nosso nome remete à conhecida obra do historiador francês Marc Bloch, no qual o autor buscou defender e aprofundar questões relativas a História. É com essa mesma inspiração que enxergamos uma necessidade do movimento estudantil reaproximar-se dos estudantes, espaços e pautas do nosso curso. Nós, enquanto estudantes de história, devemos cotidianamente problematizar nossos meios e práticas para podermos qualificar nossos debates e ações.

Sobre a História

Atualmente temos inúmeras questões referentes ao curso e o seu espaço que não vêm sendo debatidas satisfatoriamente. É preciso que o CAHIS aumente a sua rede de comunicação com os estudantes e com as entidades que, por exemplo ocupam o Espaço Aquário, para que um melhor aproveitamento do espaço seja feito e, mais importante, que seja feito por todos/as. Os estudantes do período noturno frequentemente se sentem mal ou nada representados pelas instituições estudantis, pois muitos só tem tempo de participar da aula em si, e perdem os debates e assembleias que ocorrem. É necessário que outros canais de participação sejam abertos, pois somente uma representação que abrange o todo dos/as estudantes, é uma representação legítima. Nosso curso precisa de mais rodas de conversa, assembleias mais bem divulgadas e formas alternativas de consulta, como uma ouvidoria e plebiscitos internos.

 

Para garantirmos a participação do conjunto dos/as estudantes de História e um movimento mais democrático, o debate acerca das opressões faz-se crucial. Combater o machismo é também abrir espaço para mais mulheres participarem da vida estudantil, assim como combater o racismo e nos aprofundar nas discussões sobre políticas afirmativas de acesso e permanência na universidade, é se colocar ao lado dos/as negros/as que lutam cotidianamente por mais espaços na sociedade segregadora, e combater a homofobia é possibilitar a expressão de todo e qualquer tipo de sexualidade, para além de quem se enquadra na heteronormatividade. Por isso apoiamos veementemente o coletivo feminista Maria Bonita, o Núcleo de Consciência Negra, o Coletivo De Estudantes Negros da USP, e a organização de coletivos LGBTs, reconhecendo como prioridade o diálogo com tais entidades no combate às opressões.

Também é importante que essa rede de comunicação alcance o corpo docente e a administração do departamento, pois assim poderemos apresentar e avançar em diversas demandas, como a modernização e reforma da grade curricular que temos como alunos/as. Com uma maior integração, as demandas levadas pelos R.D.s (Representantes discentes) às plenárias departamentais, corresponderão mais aos interesses da maioria dos estudantes.

Avaliamos que o CAHIS, além de atividades políticas e acadêmicas, deve ter maior envolvimento na organização de atividades culturais e apoio a iniciativas de estudantes que se propõem a pensar esses espaços de socialização e manifestação. A realização de saraus, debates, apresentações musicais, festas, dentre outras atividades, deve fazer parte do cotidiano do movimento estudantil, no sentido de valorizar atividades de descontração e divertimento, mas também como ocupação dos espaços estudantis e maior interação entre os/as estudantes.

 

Como estudantes de História, é fundamental também que nosso Centro Acadêmico desenvolva atividades sobre a formação do/a historiador/a num sentido amplo. Tal discussão deve envolver a integração entre pesquisa, ensino e extensão. Especialmente sobre esta última, temos muito por avançar tendo em vista sua recorrente secundarização na universidade. A extensão universitária, pensada como extensão do conhecimento produzido na universidade e este em diálogo com conhecimentos não-acadêmicos, é um aspecto de nossa formação que precisa ser melhor desenvolvida no nosso curso e na USP como um todo.

 

Além disso, hoje a nossa profissão carece de regulamentação, projeto que no momento está em trâmite no Congresso. É necessário abrir o debate sobre a função do historiador, e como ele se insere na sociedade do século XXI, no Brasil e no mundo.

 

Membros

Branca Zilberleib (2º ano)

Gisele Tronquini (3º ano)

João Capusso (1º ano)

João Luís Lemos (3º ano)

Pedro Giovannetti (3º ano)

Theo Monteiro (3º ano)

Thiago Kenji (1º ano)

Nossas propostas

•                    Realização de debates abertos, acerca das atuais conjunturas do nosso curso e da universidade, como a questão orçamentária, a EACH, e também da sociedade como um todo (Copa, eleições etc.);

•                    Criar um jornal aberto para estudantes, funcionários e docentes com edições regulares;

•                    Estabelecer novos fóruns: rodas de conversa, mesas de discussão, debates, plebiscitos consultivos, entre outros;

•                    Aumentar a transparência e divulgação da prestação de contas para o corpo estudantil;

•                    Pensar atividades e eventos periódicos no espaço aquário; fomentar ambientes para manifestações artísticas, como saraus e festas;

•                    Pensar novas formas de mobilização;

•                    Ampliar o combate às opressões: ações práticas no combate ao machismo em festas, como campanhas de conscientização e organização de comissões de segurança. Promoção de debates acerca de racismo, machismo e homofobia junto as entidades que constroem tais lutas;

•                     Fortalecer as lutas por acesso e permanência, cotas, moradia universitária (devolução dos blocos K e L), creches, entre outros;

•                     Fortalecer o diálogo com as demais entidades estudantis (centros acadêmicos, atléticas, Núcleo de Consciência Negra, Frente LGBTT*, Frente Feminista, AMORCRUSP,  Fórum de extensão,  entre outras);

•                    Criar canais na internet: um site que consiga juntar informações sobre as publicações feitas pelos alunos e revistas do departamento, um canal de vídeos que disponibilize a gravação de assembleias, rodas de conversa e atividades dentro do departamento;

•                    Organizar um banco digital de textos.